Meta passa a usar dados de usuários no treinamento de IA: veja como proteger suas informações

A partir desta terça-feira, a Meta começa a treinar sua inteligência artificial generativa, a “Meta AI”, utilizando dados públicos de usuários do Facebook, Instagram e WhatsApp. A mudança preocupa especialistas e defensores da privacidade, já que a empresa não solicita o consentimento direto dos usuários — é preciso manifestar oposição de forma ativa.

Segundo a Meta, as informações utilizadas incluem dados de perfil, postagens, fotos, vídeos, comentários e curtidas feitas em conteúdos públicos. De acordo com a empresa, mensagens privadas ou conteúdos compartilhados em grupos protegidos não estão incluídos nesse processo. No entanto, para a maioria dos usuários, isso significa que boa parte de suas interações nas redes sociais pode ser usada como material de treinamento para a IA, mesmo sem permissão explícita.

O especialista do portal CHIP, Michael Humpa, alerta: “Se você usa Facebook, Instagram ou WhatsApp, seus dados públicos poderão ser utilizados no treinamento da IA da Meta, a não ser que você se oponha formalmente.” E esse é justamente o ponto mais crítico: o formulário para se opor à prática está escondido em locais de difícil acesso nas plataformas da empresa, dificultando o processo de recusa.

Fundamento jurídico contestado

A Meta baseia-se no chamado “interesse legítimo” para justificar essa coleta de dados. Trata-se de uma base jurídica prevista no Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia. Com isso, a empresa afirma não precisar de consentimento explícito do usuário — se a pessoa não se opõe, entende-se que ela aceita automaticamente.

A polêmica levou a organização de defesa do consumidor da Renânia do Norte-Vestfália (Verbraucherzentrale NRW) a entrar com uma ação judicial contra a Meta. Apesar da queixa, o tribunal de Colônia, em decisão liminar, não identificou violação da legislação europeia, o que permitiu à empresa seguir com seus planos.

Contudo, especialistas reforçam que usuários ainda podem agir. Ao acessar os canais corretos e preencher o formulário de oposição, é possível impedir o uso futuro de seus dados. Vale lembrar que, caso essa recusa seja feita após o dia 27 de maio, os dados compartilhados publicamente até essa data já poderão ter sido utilizados pela IA da Meta.