Google lança IA generativa no Brasil, mas confiabilidade ainda gera questionamentos

O Google anunciou a chegada oficial de sua inteligência artificial generativa ao Brasil. A partir desta semana, usuários brasileiros já podem acessar o Bard, chatbot desenvolvido pela empresa, que agora está disponível em português e em mais de 40 idiomas. A ferramenta, que havia sido lançada nos Estados Unidos há cerca de três meses, chega ao país ainda em fase experimental.

O Bard é a resposta do Google à crescente demanda por sistemas de geração automática de conteúdo, um mercado que já conta com a forte presença da Microsoft, por meio do ChatGPT. Diferente do buscador tradicional, o Bard funciona em uma aba separada, servindo como apoio às pesquisas online, oferecendo respostas contextualizadas e criativas.

Entre os diferenciais da plataforma estão a possibilidade de manter o histórico de conversas e a integração com o aplicativo Google Lens, que permite o reconhecimento de imagens. Isso significa que o usuário pode fazer upload de uma foto e solicitar que o Bard gere um texto com base na imagem. “Seja para entender melhor uma imagem ou encontrar inspiração para descrevê-la — como um bilhete de agradecimento por um presente — agora é possível carregar imagens com comandos para que o Bard analise o conteúdo e ajude na criação”, explicou Bruno Possas, vice-presidente global de engenharia para busca. Inicialmente, essa função está disponível apenas em inglês, mas deve ser expandida para outros idiomas.

A proposta do Bard é auxiliar os usuários em tarefas como redação de textos criativos, resumos de conteúdos, sugestões de ideias e ganho de produtividade. No entanto, ainda não está definido como a empresa pretende rentabilizar a ferramenta. De acordo com Claudia Tozetto, gerente de comunicação do Google Brasil, neste momento o foco está na coleta de feedbacks e na melhoria contínua da experiência. “A monetização não é a nossa prioridade agora. Queremos entender como as pessoas interagem com a IA e aprimorar o serviço com base nisso”, afirmou.

Precisão nas respostas ainda levanta dúvidas

Apesar dos avanços, a confiabilidade das respostas geradas pela IA segue sendo um dos maiores desafios. A própria estreia do Bard foi marcada por um erro embaraçoso: em sua primeira apresentação pública, o chatbot deu uma resposta incorreta sobre telescópios espaciais, o que resultou em queda das ações da empresa na bolsa.

Questionado recentemente sobre a precisão das informações fornecidas pela plataforma, o Google preferiu não comentar. A ausência de uma posição clara alimenta preocupações sobre a capacidade da IA de evitar equívocos.

Outro ponto sensível está relacionado aos vieses e preconceitos que podem estar embutidos nas respostas, reflexo direto do conteúdo presente na internet — base de dados da inteligência artificial. O Google afirma estar investindo em processos de revisão humana para minimizar esses problemas, mas reconhece que, por se tratar de uma versão experimental, ainda é possível que estereótipos sejam reproduzidos.

“O trabalho de revisão feito por pessoas ao longo do tempo é essencial para identificar e corrigir esses padrões. É um processo complexo e contínuo, parecido com o que já fazemos para melhorar os resultados na busca”, disse Possas.

A empresa reforça que a colaboração dos usuários será essencial nesse processo. Para isso, foi disponibilizado um canal onde qualquer pessoa pode relatar falhas ou sugestões de melhoria com relação ao conteúdo gerado pela ferramenta. O objetivo é que essa troca contribua para tornar o Bard uma ferramenta mais precisa, útil e ética no futuro.