Microsoft anuncia nova rodada de demissões e reorganiza sua divisão Xbox

Nova onda de cortes atinge 9 mil funcionários

A Microsoft iniciou, nesta semana, mais uma rodada significativa de demissões, a quarta em apenas 18 meses. Segundo informações divulgadas pela empresa, cerca de 9 mil funcionários foram dispensados, em uma tentativa de reposicionar a companhia e suas equipes diante de um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.

Essas demissões, que afetam equipes de diferentes níveis e setores em várias partes do mundo, representam aproximadamente 4% da força de trabalho global da Microsoft. Embora costume realizar mudanças estruturais no encerramento de seu ano fiscal, desta vez o anúncio foi feito logo no segundo dia do mês de julho.

Impacto profundo na divisão Xbox

Informações adicionais divulgadas desde o anúncio inicial apontam para consequências significativas dentro da divisão Xbox. O CEO da área, Phil Spencer, afirmou aos funcionários que os cortes foram uma medida necessária para garantir o “sucesso duradouro” da empresa. No entanto, as consequências para estúdios e projetos específicos foram severas.

Um dos casos mais marcantes é o do estúdio Rare, cuja aventura de fantasia Everwild, anunciada em 2019, teria sido cancelada. A decisão teria levado à saída de Gregg Mayles, veterano da empresa com 35 anos de atuação. Outro projeto afetado foi o reboot de Perfect Dark, revelado em 2020, cuja produção teria sido interrompida. O estúdio responsável, The Initiative, teria sido encerrado, assim como a parceria com a Crystal Dynamics, que auxiliava no desenvolvimento do jogo desde 2022.

Demissões em massa em outros estúdios

Além da divisão de jogos, outros setores também foram profundamente impactados. Um projeto de MMO da ZeniMax, ainda não anunciado, teria sido cancelado. No estúdio King, responsável por Candy Crush, cerca de 200 funcionários teriam sido dispensados. O estúdio Turn 10, criador de Forza Motorsport, também sofreu cortes, com relatos de que quase metade da equipe foi desligada.

A extensão total da reestruturação e suas consequências ainda não estão completamente claras, uma vez que a Microsoft tem repassado apenas informações limitadas à imprensa. A empresa, no entanto, negou rumores recentes sobre a possível aposentadoria de Phil Spencer, afirmando que o executivo continuará à frente da divisão Xbox “por tempo indeterminado”.

Motivações e contexto da reestruturação

Embora a Microsoft não tenha revelado publicamente os motivos exatos para as demissões, especula-se que o avanço dos assistentes de codificação baseados em inteligência artificial esteja entre as causas. Essa é atualmente uma das áreas de crescimento mais rápido dentro da tecnologia, e mudanças internas nas equipes da Microsoft sugerem uma reestruturação voltada à automação e eficiência por meio da IA.

Em janeiro, a Microsoft já havia anunciado cortes baseados em desempenho, atingindo cerca de 1% do quadro. Em maio, foram mais de 6 mil demissões, seguidas por outras 300 em junho. Os cortes atuais representam o segundo maior desligamento em massa da história da empresa, atrás apenas dos 18 mil postos eliminados em 2014.

Foco em inteligência artificial e eficiência

A gigante da tecnologia segue investindo fortemente em pesquisa e desenvolvimento de inteligência artificial. Ao lado de empresas como o Google, a Microsoft está liderando a corrida pelo domínio da IA. Com a crescente adoção de assistentes de codificação, os cargos de desenvolvedor estão sendo redefinidos, e muitos desses profissionais devem ser afetados diretamente pela reestruturação.

Enquanto isso, concorrentes como a Meta intensificam sua busca por talentos em IA, com investimentos bilionários para atrair os melhores pesquisadores do setor. A tendência entre as grandes empresas de tecnologia é clara: priorizar inovação, mesmo que isso signifique reavaliar recursos humanos e cortar custos operacionais.

Ações em alta, apesar do impacto humano

Apesar do impacto negativo das demissões, as ações da Microsoft acumulam alta de 16% no ano e impressionantes 150% nos últimos cinco anos. Mesmo com queda no pré-mercado da quarta-feira, a empresa mantém um desempenho robusto, mostrando que seu foco estratégico em IA e reestruturação pode estar sendo bem recebido pelos investidores — ainda que o custo humano dessas decisões continue sendo tema de amplo debate.