Preocupações Bancárias nos EUA Abalam Mercados, Mas Wall Street Mostra Resiliência

Os mercados financeiros globais enfrentaram uma semana de forte volatilidade, inicialmente pressionados por temores sobre a saúde do setor bancário regional dos Estados Unidos, mas encontrando alívio posterior em notícias sobre a disputa comercial entre EUA e China.

DAX Reage Mal a Temores Bancários

A bolsa alemã sentiu o impacto das preocupações vindas dos EUA, onde dois bancos regionais relataram problemas significativos de crédito. O índice DAX encerrou a semana com perdas acentuadas, registrando uma queda de 1,82% no último pregão, para 23.830 pontos, após chegar a cair 2,4%. O MDAX, índice de empresas de médio porte, também recuou 1,74%.

Especialistas apontaram que o nervosismo foi uma reação direta aos anúncios dos bancos americanos. A notícia despertou memórias do colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank em 2023, levantando preocupações sobre a interconexão do sistema financeiro e o risco de contágio. Jochen Stanzl, analista da CMC Markets, comentou que “a fraca situação de crédito dos bancos regionais americanos abala os investidores que estavam eufóricos com a inteligência artificial e as esperanças de corte de juros”.

Wall Street Supera Nervosismo e Fecha em Alta

Enquanto a Europa reagia negativamente, Wall Street demonstrou surpresa resiliência. Após um susto inicial, os investidores americanos rapidamente deixaram as preocupações bancárias de lado. O índice Dow Jones fechou com alta de 0,52%, aos 46.190 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 0,53% e a bolsa de tecnologia Nasdaq avançou 0,52%, recuperando as perdas da véspera.

A recuperação foi apoiada por declarações conciliatórias do presidente Donald Trump sobre a disputa comercial com a China. Em entrevista, Trump afirmou que as novas tarifas de importação “não são sustentáveis” para a economia. Paralelamente, Pequim informou que representantes dos dois países se reunirão “o mais breve possível” para novas negociações.

Análise dos Riscos Bancários

Apesar do alívio, analistas monitoram a situação. Richard Hunter, da Interactive Investor, disse que embora as perdas de crédito relatadas pareçam limitadas, o incidente “desperta memórias desagradáveis”. Outros especialistas, no entanto, mostraram-se mais calmos. Kyle Rodda, da Capital.com, avaliou que “o tamanho dos empréstimos ruins, por si só, não deve representar riscos para o sistema como um todo”.

Thomas Altmann, da QC Partners, observou que os dois bancos regionais, aparentemente vítimas de fraude de crédito ligada a fundos imobiliários, possuem um balanço combinado que representa apenas cerca de 2% do balanço do JP Morgan. “Se esses permanecerem casos isolados, as bolsas rapidamente deixarão esse assunto para trás”, comentou.

Recuperação do DAX no Início da Semana

Impulsionado pela recuperação em Wall Street no final da semana anterior e por ganhos robustos nos mercados asiáticos, onde o Nikkei atingiu uma máxima histórica, o DAX iniciou a nova semana em território positivo. O índice alemão subiu 1,3% na segunda-feira, ultrapassando novamente a marca dos 24.000 pontos. O analista Timo Emden sugeriu que “muitos participantes do mercado veem o recente recuo como uma potencial oportunidade de reentrada”.

Destaques Setoriais e Mercado de Câmbio

Em meio à turbulência, a Continental destacou-se no DAX, com suas ações subindo quase 11% após a empresa de pneus e tecnologia anunciar lucratividade acima do esperado no terceiro trimestre. Na recuperação de segunda-feira, o impulso veio das ações de defesa; Rheinmetall ganhou 3,4% após um novo grande pedido, enquanto Hensoldt e Renk subiram 5,4% e 4,0%, respectivamente.

No mercado de câmbio, o euro mostrou pouca variação no início do dia, sendo negociado a 1,1673 dólares, um nível semelhante ao observado no final da semana anterior.